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Capítulo 20: Mais um dia normal







- Ei, Sally.- a garota de cabelos verdes perguntou, remexendo em sua mochila.

- O que foi, Ellie?

- Você se lembra de termos tantos baús assim?

- Baús?- a garota perguntou, se aproximando.- Santo Arceus! A GENTE TINHA TANTO ASSIM? Deve ter uns doze por ai!

Na mochila de Ellie, havia pequenos baús, o que explicava por que Ellie tinha dificuldade de levantar. Tanto era o peso que logo seus dedos ficaram vermelhos apenas por segurar um pouco e as juntas das mãos ficarem brancas. Deixou no chão, movendo as mãos no ar, como se dissipasse a dor.

- Tsc. Não vamos a um tempo no Xatu Apraisal.- disse, com um tom de conclusão.-  Você pega alguns baús? Está pesado.

- Claro, eu levo a sua mala.- falou, enquanto rodou os ombros e os braços, ouvindo um estalar de ossos.

Sally terminou de arrumar sua cama, deixando-a lisa e o travesseiro alinhado. Depois, calçou os tênis vermelhos, se voltou para o espelho, pegando seu pente azul. Jogou o cabelo curto para o lado, como era o seu gosto e por fim suspirou confiante.

Ellie estranhou, pois Sally não tinha esse costume. Estaria ela tentando novos jeitos de fazer a rotina, como havia mencionado? Antes não arrumava tão frequentemente a sua cama, pois estava sonolenta de manhã. Era por volta do meio dia até as oito da noite que tinha muita energia. 

Então chegou a imaginar que, possivelmente, Sally estaria começando a se disciplinar. Estava fazendo as tarefas num ritmo próprio. Supôs que era a determinação de Sally a ser cada vez melhor. Ellie tinha algumas manias e para ela, era essencial para que tivesse um dia produtivo e com alto desempenho. Desde arrumar seu quarto, alongamentos, alimentação, tudo numa ordem que a fazia acordar rapidamente. Mesmo que nem todos os dias fossem assim, ela deixava sempre um dia de folga para dormir até tarde, depois ficar lendo noticias e descobrindo a sala de jogos da guilda.

Segundo ela, deveria primeiro escovar os dentes. Depois da higiene, arrumar o quarto, se trocar e por fim ir até a cozinha para o café da manhã. E novamente, escovar os dentes. Sally tinha o costume de fazer tudo diferente, cada dia uma ordem nova.

- Você descobriu a sua ordem diária?- indagou, cruzando os braços.

- Não. Ainda estou testando.- falou, colocando os fios rebeldes do cabelo para trás.

"Como? Como ela não descobriu? Ela tentou todos os dias!"- pensou..

- Mas, já faz mais de um mês.- Ellie disse.

- É, eu sei.- disse, olhando-a pelo reflexo do espelho.- E ainda assim, acho mais fácil bolar esquemas de batalhas do que criar uma rotina pra mim.

- Mas é bom te ver tentando. Acho que você chega lá.

Sally sorriu como resposta, mas logo voltou a arrumar seu cabelo. Sua franja não parava no lugar, pensou que o cabelo deveria ter crescido. Só não imaginou que tanto.

- Mano. -exclamou, olhando para a parceira.- É, eu tô um caco.

- Nossa.- se surpreendeu Ellie, dando um passo para trás.- Que astral é esse?

- Sei lá, eu acabei percebendo que algumas coisas que eu mesmo que eu faça, não é o suficiente.

Ela curvou os ombros, num movimento devagar colocando o pente na gaveta.

- B-bom, você faz muito bem a sua parte.- e ela se aproximou, dando um leve tapinha nas costas de Sally.- Eu as vezes sinto que não sou tão boa quanto você.

- Ah, vamos.- respondeu com ironia.- Você é mais esforçada que eu.

- Eu acho que você é mais talentosa que eu.- Ellie disse num tom bravo, segurando a alça da mala com mais força.- Com um pouco de pratica você já fica boa em qualquer coisa. Preciso treinar mais em combate do que você.

- Você esqueceu da vez que eu tentei cozinhar semana passada? Eu DESTRUÍ A COZINHA. Consegui queimar um parto dentro da pia, e não sei como fiz isso!

- Bom, verdade. - e Ellie segurou um sorriso no canto dos lábios. - Mas ainda acho que se você voltar lá, vai ficar tão boa quanto a Cailynn ficou.

- Nah.- acenou com a mão, como se sinalizasse para esquecer - Vamos pular essa parte. Você disse que temos mais baús do que lembrávamos, né?




Na grande barraca de Xatu, o descobridor misterioso, a dupla esperava ansiosamente pelo item no baú. A tenda tinha um cheiro característico de incenso, era um pouco mal iluminada e tinha uma grande mesa redonda, cercada de cartas coloridas e alguns pequenos baús de madeira com algum tipo de pó. No centro, com uma bola de cristal brilhante.

Não frequentavam aquele lugar havia algumas semanas. Toda vez que o visitavam, estava de um jeito diferente, seja com quadros decorativos (ou com algum significado simbólico), novos panos com padrões diferentes e curiosos, o cheiro do incenso. Segundo ele, todos deveriam fazer uma limpeza espiritual e energética sempre que possível.

O homem calvo gritou abruptamente, depois de ter feito alguns gestos estranhos com sua longa túnica e jogou as mãos para o alto.

- PROAAWAAAA! 

Só então se ouviu um "click" e o bau verde e amarelo se abriu. Ele se abaixou, erguendo o objeto acima da cabeça, refletindo no sol da manhã. Ele abaixou o item como se fosse algo precioso, começando a falar com uma voz grave e misteriosa.

- Este é um Def.Scarf. Ele aumenta a sua defesa, assim diminuindo o dano quando você recebe ataques do tipo físico.- e acenou a cabeça calva em concordância.- É isso.

Ellie pegou o item, avaliando-o. Era um lenço de cor amarela e não saberia dizer a diferença dela e dos outros objetos que tinham a terminação parecida. Como saberia diferenciar um Def.Scarf de um Pecha Scarf se não pela cor a na prática de combate?

- Você acha que a Explorer Badge reconhece os itens que pegamos? Como um glossário? Acho prático quando a gente não sabe o que é...- disse Sally, cruzando os braços.

Quando fez isso, ficou sonolenta e a cabeça começou a pender para o lado.

- É, tem razão.- terminou Ellie.- Obrigada pelo seu serviço, senhor Xatu.

- Me chamem de Senhor Supremo.- ele disse, erguendo a cabeça e juntando as mãos, que pareciam desaparecer nas mangas longas do homem.

Fez uma pequena reverencia e se sentou na sua almofada. Pegou seu cachimbo e começou a soprar, saindo bolhas de sabão.

Sally não prestou mita atenção, pois quando parava de se mover, é porque tinha sono. Com um tapinha nas costas vindo da Snivy, ela despertou e se levantou, agradecendo quase que automaticamente e saindo. Ellie curvou a cabeça em forma de agradecimento ao Xatu, não mais que isso e foi embora.


*


- O que vamos fazer hoje, Ellie? É um sábado bem bonito. - disse, antes de bocejar e se espreguiçar, levantando os braços para o alto, devagar.

- Estou pensando.- disse, colocando a mão no queixo.- Passamos a manhã inteira arrumando nossos itens, indo aqui e ali, vendendo a maioria deles. Ganhamos um bom dinheiro e nem sabíamos. O guia da Explorer Badge ajudou mesmo.

- Eu sinto vontade de gastar tudo em Milkshake.- e ela colocou as mãos atrás da cabeça, despreocupada.- Venha, vamos depositar nas nossas contas.

Quando chegaram ao banco do Duskull, esperaram alguns minutos sentadas nas cadeiras. O lugar havia mudado de uma pequena tenda a uma loja física e com ar-condicionado. Sally não gostava do ar frio, parecia seco demais, tampouco Ellie. Ao serem atendidas, um homem de cabelos cinzento as atendeu.

- Bom dia. Em que lhes posso ser útil?- disse cordialmente e Ellie quase sentiu uma pontada na coluna, não sabia o porque.

Apesar de ser apenas mais um Pokémon, havia algo nele que chamava a atenção. Talvez pela elegância e o estilo gótico, roupas que remetiam a eras e costumes que ainda não conhecia. O cabelo perfeitamente arrumado, a voz fina. Ele usava luvas e estava usando um dispositivo diferente. Era uma espécie de teclado, mas com teclas espaçadas e que usava um papel. Sally perguntou o que era aquilo, já que na última vez, não havia isso.

- Ah! É uma máquina de escrever. Eu digito as letras e tudo sai impresso nesse papel, sendo muito prático. O que acha dele, senhorita?

Ele mudou o tom de voz e até mesmo o modo de falar, parecendo mais relaxado. Sally pensou se tinha esse poder de fazer as pessoas se sentirem a vontade ou era mais uma bajulação do Duskull? Ellie começou a se irritar aos poucos. Afinal. da onde ele veio? Seu dia não estava conforme os planos.

- Eu e minha amiga queremos depositar essa quantia em duas contas, sim?

- Um momento.

O homem fez um gesto e uma sombra apareceu de suas mãos. Dali, ele puxou alguns papeis e uma chave, colocando-os em cima de sua mesa. Na mesa de madeira, que mais parecia uma obra de arte, ele pegou uma caneta de pena e começou a escrever. Perguntou valores a serem retirados e depositados. Ele chegou a falar de um documento, que estava para ser lançado e seria obrigatório a todos os habitantes.

- É uma espécie de cartão. Terá seu nome, idade, data de nascimento e origem. Recentemente tem vindo inúmeros Pokémon de outros continentes e em alguns casos, eles usam seu paradeiro desconhecido como vantagem, já que faltam mais informações. Mas com esse objeto as coisas podem mudar. Não é incrível ter documentos práticos?

- Como eles vão ser?- perguntou Sally, demonstrando interesse. - Como podemos ter um?

- Nós ainda trabalhos com papéis. Graças os inventores da Explorer Badge, há um novo tipo de... poder que é chamado de tecnologia. Com esse cartão, será muito mais fácil, útil do que usar papeis. Ao menos, para meus negócios, irá facilitar muito! Ouvi dizer que Pokémon do governo irão de casa a casa interrogando os habitantes... Minha prima deu a luz a uma linda Duskull, que já recebeu esse cartão de identidade.

- Sério? Será que vai funcionar? - perguntou Sally, se virando para Ellie.

- Quem inventou a Explorer Badge? - a outra garota perguntou.

- Um casal, muito inteligente por sinal. Não entendo como, infelizmente. Mas descobri que eles moram na cidade principal. É deveras longe, mas talvez a jornada valha a pena.

- Entendi. Que legal, isso vai ser mais útil do que usar papeis e essas coisas né? Eu quero dar um abraço neles por isso! - Sally se exaltou, batendo as mãos.

O homem sorriu e voltou a fazer algumas perguntas. Quando terminaram de depositar os Poké-Dolares, ele agradeceu com um aperto de mão e uma reverência.

Alguns passos depois daquele lugar chamativo e luxuoso, Ellie cruzou os braços. Tinha algo naquele homem que a deixou inquieta. Pensou se ele não estaria roubando seu dinheiro e disso, fazendo suas próprias artimanhas. Afinal, ainda era tudo por papel. Quem poderia ter certeza que depositou tal quantia e na hora da retirada, se ela fosse diferente?

Mas chegou a conclusão que, se toda a vila confiava nele, talvez valesse a pena tentar. Ainda estava suspeita, mas tentou não pensar nisso.

- Ei, por que a cara emburrada? Vamos pegar um Milkshake e almoçar na Guilda!

- Porque o Milkshake vem primeiro?

- Ah, você prefere antes E DEPOIS?- berrou, tão feliz que suas mãos e pernas tremiam.- NOSSA, ESTOU FELIZ.


*  *



Na guilda, Maya se levantou abruptamente de sua cadeira. Ela segurava sua maçã dourada, ainda intacta. Decidiu-se.

Abriu a porta, quase quebrando a maçaneta com tanta ansiedade e todos que estavam no salão se assustaram, ou deixaram cair suas coisas caírem no chão.

- Alô pessoal! Ainda bem que todos estão aqui. Gostaria de fazer um anúncio! Charles, pegue as cornetas e os confetes.

- Sim, Guildmaster.- falou com uma voz rouca, um semblante sério. Ele carregou uma caixa de fogos de artificio e entre outras artilharias de festas.

Ele se posicionou, ajoelhando ao lado de Maya, pronto para girar o bastão.

- Nós todos vamos em uma exploração!

PROOM e confete foi jogado, caindo no chão, mas o barulho surpreendeu todos. Após a noticia, os membros da guilda sentiram mais  interesse nos artigos de festa do que a própria exploração.

Bidoof, estava impressionado com os fogos, com seus olhos brilhando e as mãos tremendo de excitação. Embora seus colegas ao redor tivesse um certo receio de se aproximar, já que poderia facilmente explodir.

- Ei, crianças.- disse Charles, cerrando os olhos. - Esses não funcionam.

Aliviados, eles se aproximaram mais do jovem, que ofereceu o objeto, como se fosse algo muito valioso, mas animado por compartilhar.

- Não é legal?? Eu adorei, poxa vida, poxa vida!!

A Wigglytuff se aproximou devagar, remexendo nos cachos encaracolados de Heitor. Ele corou e abaixou a cabeça, constrangido pelo carinho.

- Charles comprou esses para usarmos hoje! Mas foram poucos... Se fosse por mim, teríamos um festival de fogos de artificio agora mesmo! Alice, quero um quentão e uma pamonha pra hoje, sim?

- Pode deixar! - e a Chimeco, junto a Riolu, rumaram para a cozinha.

- O festival é daqui a duas semanas. Mais ou menos. - Louis falou, cruzando os braços. - Vai ser muito barulho...

Sunflora se aproximou com um sorriso maligno, como se fosse aprontar algo com o Loudred.

- OH MEU ARCEUS. Louis, você não superou seu medo pelos fogos? - deu uma cotovelada, não se importando que fora forte demais.

- OUSH, MULHER! - gritou com raiva, se curvando baixo, abraçando a própria barriga por sentir dor.

- Louis tem medo de fogos? - perguntou Ellie.

- O que é quantão? E pamonha? O que esse tal de "fogos de artifícios"?

Todos fizeram silencio, olhando para a Totodile. Ela ficou surpresa de tantos olhares de uma vez só, mas reuniu coragem e tentou falar novamente.

- É que eu não sei... É algo tão diferente assim?

- Minha nossa Sally.

Maya se aproximou, estendendo os braços longos para ela. A abraçou com carinho, enquanto a Totodile continuava sem entender nada.

- Aqui, aqui minha jovem. - consolando ela, deu alguns tapinhas nas costas.

- O festival é daqui a duas semanas é um evento anual, sabe? Vai ter muita barraca com jogos e culinária, apresentações e danças.- A Snivy falou, tentando ser o mais franca possível.

- Culinária. E na culinária tem... - e Maya a soltou do abraço. - Você disse espetinhos Ellie?















Notas da Autora #20



Mas olha só quanto tempo. Passou de novo né, que coisa :v

Eu tenho tentado escrever, agora pouco que minhas férias começaram né, e já tenho um monte de coisa pra fazer. ;-;

Em questão do capítulo, vamos lá, spoilers.


* * * *

Eu quis dar a entender que Sally é como um réptil, sabe? Ou um tipo de réptil, ou então criando um novo bicho que se enquadra por ai. Ela é meio zonza de manha e de noite, coitada, só funciona em período integral. Huah.

Ellie também não gosta de coisas má feitas e está se tornando aquele tipo de pessoa corrompida pelo sistema que a fez se ornar mais responsável. Mas olha só. ( ͡° ͜ʖ ͡°)( ͡° ͜ʖ ͡°)

E eu nem tinha comentado sobre baús, era como se eu só tivesse jogado as coisas, eu realmente não gosto de ler e escrever começos. Ah, assim como a mudança de algumas lojinhas! Achei que seria bom, quem sabe se aprofundando aos poucos nos outros personagens! (inclusive to devendo desenho até hoje, :v)

O fato é que vai começar aquela coisa bem doida no jogo, que é a exploração. A quem jogou, tem uma ideia do que pode vir a acontecer, e aos que não jogaram, tudo bem! Vou mudar algumas coisas mesmo, nyeheheeheheh. ( ͡° ͜ʖ ͡°)( ͡° ͜ʖ ͡°)


E não tem muito mais o que dizer por aqui, (exceto que meu note não funciona como antes, só contribuindo mais para minha vontade de procrastinar) então boa leitura!



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