Posted by : WhiteVir sábado, 7 de janeiro de 2017






Acordou, ainda se sentindo zonza.

Suas mãos tremiam e suas pernas cambalearam e tornou a desabar no chão, sentindo algo raspar em seu queixo. Respira fundo, e ignora a ardência dos músculos rígidos: precisava continuar.

Com cada fibra de seu ser, seu objetivo nunca esteve tão claro: precisava sair dali. Ainda que sentisse sua consciência se esvair, seus instintos não lhe falhariam nessa missão. Acordaria daquele sonho para adentrar no mundo que era sua realidade, e sairia dessa confusão.

Consegue erguer o tronco do corpo, arfando arduamente até que fica de joelhos. Não, se recusaria ficar nesta posição: jamais se ajoelharia para alguém. Ninguém lhe poria deste jeito, não importa qual seja a situação, pois era mais que humilhante: estaria dando uma brecha para que arrancassem o que havia de mais precioso e colocar sua honra e dignidade no chão.

Impulsiona-se para cima, mantendo suas pernas separadas e equilibrando-se para não cair. Abre os olhos, com uma umidade que ameaçava a cair, mas não se deixaria levar, por mais que doesse. As costas ficam eretas e sua respiração muda, voltando a regularidade.  Pisca inúmeras vezes e coloca o pé para frente, seguindo de outro e mais outro, até que que se torna um ritmo, começando uma caminhada.

As pernas doem, e cada passo era como se fosse o último antes de se deixar cair novamente. Continua, por mais desequilibrado que fosse seu andar, por mais exaustivo que fosse, continuar fazendo algo tão natural: respirando, vivendo.

Não existiria, repetia para si. Mas viveria!

Viveria até que o último sopro de ar puro fosse a última coisa que se lembraria.

Continua a andar, esquecendo seu passado e tudo que deixaria para trás.

* * *


-Olá? Alguém está ai? Oláááá!!-gritou uma voz feminina.

A voz pertencia a uma criatura, que possuía olhos vermelhos. Eram envoltos por uma pele amarela, e que mais abaixo, no final do pescoço, começava uma especie de arco recurvado para trás. Seus braços, eram verdes, e seguia-se assim até cauda- exceto na barriga e nas pernas, que eram claras, assim como também, metade do seu rosto.

A figura semelhante à uma cobra continuou em silencio.

Seus passos ecoavam pela gruta úmida e quente, respirando o ar abafado e salgado. Ainda poderia jurar que ouvia o som do mar do outro lado da parede de rochas. Seus passos eram abafados pela areia, que produzia um “smursh, smursh” continuo.

Não havia nenhum sinal de qualquer ser vivo naquela sala. Segue em frente, ainda mantendo seu olhar atento e já a postos quando algo se mostrasse hostil. Passa pelo arco e entra na próxima sala, não percebendo muita diferença do lugar anterior. Seus passos são leves e um pouco apressados. 

Sua curiosidade é grande: o que mais deseja, é chegar ao final daquela Dungeon e obter algum tesouro.

Passa novamente por outro arco e enfim chegou a última sala.

As pedras eram de uma tonalidade marrom, e a água era tão cristalina que via seu reflexo muito claramente, quando se aproximou. A areia era um pouco mais rasa, quase não havendo nada, exceto nas bordas em que o chão e a água se cruzavam.




Olha para o frente, e onde havia o chão encontrando o teto, também havia uma fenda por onde passava a maior luz do local. Na sua posição atual, fazia um pouco de sombra no chão, e ignorou-as assim que retira da bolsa um pequeno fragmento e o rola entre os dedos.





Ergue seu braço até acima da cabeça,  vendo o sol em seu mais alto ponto do dia, ser tampado pela pedra. 

Então se vira, e olhou para baixo. Observa que há algo escrito no chão de pedra, e lê silenciosamente. E alegra-se com um sorriso. Era aquilo que viera procurando.

Seu sorriso se desfaz quando faz uma meia volta apressada e abrupta. Sentiu algo, como um farfalhar, e uma brisa tão leve que achou que poderia ser sua imaginação.

Vê alguém, mas some da mesma maneira que surgiu. Aperta o objeto e abre os olhos, e se manteve imóvel a ponto de ouvir somente a sua respiração. Seus batimentos seriam acelerados-mas aprendera a controla-los, de modo que não ficassem em disparada.

Mas foi derrubada, e arregalando os olhos, percebe que seu item caiu. Levanta-se antes mesmo de chegar a encostar-se ao chão e consegue pegar no sujeito.

-Devolve. - e aquilo não soa não somente como uma afirmação, mas uma ameaça.

E vê que se tratava de uma criatura pequena, com duas asas ao invés de braços, e de tonalidade azul e roxa purpura. Na boca, segurava seu precioso objeto, com dentes afiados, apertando sua mão e fazendo pequenos arranhões.


Joga seu braço livre para o lado e repete:

Devolve!

Chicotes verdes saem de seu braço, e com as pontas afiadas dirigidas ao oponente, que ficou paralisado, mas não menos surpreso.

Parece que por um momento, o chicote tem vida própria, e o inimigo hipnotizado sequer percebe que aquilo já tinha mais de um metro de altura e sumiu.

O impulso que o braço deu fora o mesmo que um tapa: porém, muito mais dolorido.

Ouviu-se um um "tchupá", e poderia dizer que os ouvidos do Zubat iriam zunir por um bom tempo, pensou por um rápido momento. Acertando em cheio o alvo, gritou novamente:

- DEVOLVE JÁ!

Mas a criatura não soltou sua mão, muito menos o objeto. Ele a encarou e apertou ainda mais as mandíbulas, a fazendo soltar um pequeno gemido de dor. Então, reagiu, novamente.

O movimento foi sem piedade: atinge o pescoço, fazendo-o se contorcer e largar o objeto, soltando um agudo grito de dor. Ele se afasta, recuando e protegendo a área inchada, com uma tonalidade vermelha. A Snivy pega o objeto e rapidamente o coloca no bolso extra de sua mochila, onde estaria seguro.

Vira-se e ainda olhando para o inimigo, corre em disparada a saída: precisava sair dali.

Mas cai na armadilha: outro inimigo, assemelhando-se a uma bola rocha se jogou em sua frente, a fazendo cair para trás, e por pouco, não batendo a cabeça na pedra ao lado. Ele riu, e fez uma cara de escárnio. 



Reprimiu um gemido de dor e tateou no chão rapidamente. Senta-se e arregalou os olhos. Olha para frente e vê que outra criatura estava com sua bolsa. Era jovem, e sua face era quase que indecifrável.

Ela rapidamente se afastou, andando para trás, mas não tirando os olhos da outra. No mesmo instante, a protagonista se levanta, com as sobrancelhas levantadas e olhos arregalados.

Viu que a criatura azul á sua frente estendia a mão, como se pedisse para "parar", e foi isso que fez.
 
- Joga pra cá! JOGA!-ouviu, vindo da voz aguda do Zubat.

Agora, o morcego se reuniu com a outra figura roxa- a que a derrubara. E olhando para o lado, eles estavam perto da saída. Mais alguns passos, e entrariam em vantagem, podendo nunca mais serem vistos.

Ambos sorriam, mas Zubat ainda esfregava com a asa o lugar ferido. Foca seu olhar não na vitima que mordera, mas mais distante.

 Segurando a bolsa com a mão esquerda, a criatura era azul e bípede, tinha olhos vermelhos rubi, envoltos numa área preta, que demarcava o contorno de seus olhos. Tinha uma mancha amarela no peito, como um "V"; um rabo com escamas também vermelhas, que mexia sutilmente. E com garras a amostra, afiadas e nem tão curtas para a espécie, apertou ainda mais a sacola marrom.





- JOGA PRA CÁ!-mandou o Zubat.

- É! Joga pra cá!- disse Koffing, se unindo á seu parceiro.

Mas a criatura semelhante a um réptil ignorou o comando dos Pokémon e dirigiu se olhar para a pequena cobra verde. A respiração trava e recua.

A Snivy tentou ler os pensamentos da criatura, mas não consegui. Embora suas feições demonstrassem uma certa parcialidade-duvida e confusão-, os olhos estavam distantes. Não, não sabia dizer o que aconteceria.

E ao continuar a observa-la, atenta, cogitou por um momento: "Poderia ser um golpe...Um ataque surpresa", pensou. Se fosse, realmente, essa Totodile seria uma ótima atriz.

Mas ela era diferente deles. Seus sentidos de fêmea indicavam isso, e eles nunca erraram. Bem, o que poderia fazer agora?

E sem se mover, a esverdeada vê a azulada pegando um punhado de areia nas mãos e respira. A areia então escorre quando fechou as mãos, e então abaixou o braço e o encostou no corpo.

A bolsa chegou mais perto e ao olhar para cima, via a Totodile com o braço estendido. Não consegue erguer o braço- talvez estivesse perplexa demais para se mover- e ao perceber isso, Totodile deposita a bolsa no chão, gentilmente.

-Me desculpa. Não vou roubar de você.-disse sem demoras, quase como que tivesse se segurado o dia todo para dizer aquelas palavras. E abaixou os olhos, se afastando.

Os demais Pokémon ficaram estáticos. Ela se vira e começa a andar, em direção a saída.

- COMO ASSIM VOCÊ DEU PRA ELA?! QUAL SEU PROBLEMA?!-esbravejou o morcego.

- SUA IDIOTA! Depois do que fizemos, você faz isso!- disparou em raiva, o outro.

Ela para e sua voz não sai, por mais que tenha abrido a boca. Eles se aproximam e lançam seus ataques, mas ela sequer tem tempo de recuar: é jogada numa rocha, sem chance de se defender.

Zubat prepara seu ataque, e Koffing investe com um Tackle.

A Snivy nem sequer pensa: se levanta e jogou o braço para frente tão rápido que achou que iria se desgrudar de seu corpo: seu Vine Whip chicoteia Zubat, que impediu seu ataque. Eufórica, não para: se virou com os pés, o tronco do corpo acompanhando o movimento, desce seu braço, atingindo o outro Pokémon, Koffing que cai derrotado em frente da Totodile.

Zubat, em um último movimento, atinge a cobra, com um Tackle, e ambos tropeçam. Ele deu pequenos saltos utilizando suas asas para escapar depois de infligir o dano, que começaram a ficar debilitadas. Se afastando, olhou para o Koffing, e grita:

- Vamos cair fora daqui!

E o Koffing se levanta, e com suas ultimas forças, corre em direção a saída. A sala volta num silêncio, exceto pela respiração pesada de Snivy. Percebendo o que fez, começou a se mover.
Ela deu alguns passos e pega sua mochila. Revista minuciosamente e suspira aliviada.

- Obrigada.-diz, sem cerimonias a Totodile.

Levanta-se e encaixa a alça no ombro, e andando até a outra, estende a mão, e não demora para erguer e a ajudar.

- Obrigada, novamente.-disse, se separando e guardando seus chicote. -Mas... Por que me ajudou?

A Totodile desvia o olhar e abaixou a cabeça.

-Hum... Você não fala?-indaga, movendo a cabeça para o lado.

- Não... Não é isso. Mas... Eu vi que você estava indefesa e tinha medo. É uma desonra atacar alguém assim...

- Mas isso não seria “dar o ultimo golpe”?

- Em um outro ponto de vista.... Mas indefeso? Não. Ainda que tenha chicotes poderosos- e aponta para o braço de Snivy- você tinha medo e insegurança. Não posso atacar alguém que não esteja decidida.

A Snivy sorri docilmente. Bem, ao menos esse Pokemon demonstrava alguma sutileza e sabedoria. Ajeitou sua posição, pois logo voltaria á caminhar.

- Bem, eu me chamo Ellie. – e estende a mão- E você?

- Eu me chamo Sally.

E rapidamente aperta a mão da outra, acena e desfaz o aperto.

- Mas Sally... Por que não atacou eles?

- Bem... Eu... Não sei como usar meus movimentos...-diz, constrangida.

- Como?- perguntou, com a testa franzida.

- Eu não tenho poderes. Eu devo ter desaprendido. 





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  1. A primeira parte foi ,PMD , tipo ,um personagem (Provavelmente a Sally ) se habituando ao novo corpo

    Eu curti mais esse inicio que o convencional , a Ellie e o Snivy não dão a impressão de serem covardes e fracas como o parceiro do jogo ...

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    1. Bem, pode-se ter várias impressões sobre a primeira parte. Ao menos, espero que sim! :3
      QUe bom que curtiu Donnel! Ellie (a Snivy) será um pouco diferente do jogo. Menos...covarde :v
      Logo mais eu revelarei sobre ela e Sally \o
      Te espero nos próximos capítulos! :3
      #WV

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  2. HÁ! Você não contava comigo por aqui, não é mesmo? :v

    Sigert tarda, mas não falha! Essa é uma das minhas aparições surpresa! Mentira, é que as coisas têm andado corridas ultimamente...

    Primeiramente vamos falar sobre a Ellie. Uma aventureira, exploradora de dungeons em busca de tesouros! Eu sei que não deve ter nada a ver uma coisa com a outra, mas acabei de terminar de assistir Magi, então tô muito no clima ainda! kkkkkkkkkkkkkk

    Eu gosto da maneira como ela reage às situações. Você conseguiu definir muito bem a personalidade, o tipo de personagem que ela é. Mesmo que falte um pouco de confiança em si própria, ela não permitiu que os dois folgados atacassem a Sally sem que ela pudesse se defender.

    E por falar na Sally... Noto pelos diálogos que ela estava andando com o Zubat e o Koffing, ou estou enganado? Pelo menos a maneira como eles falaram com ela me deixou com essa impressão. Mas não estou duvidando da Sally. Provavelmente ela resolveu andar com os dois em troca de proteção, já que não consegue usar seus poderes.

    Eu adoro Totodile! Vou ficar de olho para ver se você vai dar à Sally os holofotes que ela merece, ok? Mas sem pressão. :v

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    1. Oi Sigert!
      Cara, obrigada por comentar! Isso me deixou bem feliz :')
      Que bom que gostou da Ellie e Sally! Espero que as coisas só melhorem pra elas, daqui pra frente, :'D
      Sim! A Sally andava com eles dois, por um motivo semelhante a esse! Mas a vida dá voltas, huahauhauahaua
      E, darei o meu melhor para fazer novos capítulos e de boa qualidade! Dar mais atenção a esses personagens! :''''D
      Até a próxima!

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  3. Aqui estou eu no capítulo 01!
    Bem, como introdução temos a apresentação de um personagem, talvez seja Sally acostumando-se ao seu novo corpo de Totodile XD. Esse é um dos pokémons que mais gosto, desde que assistia o anime e via o Ash com seus pokes. Ainda não foi apresentado muito sobre a personalidade dela, mas já é bem evidente que possui um bom senso de justiça. Me pergunto por que ela estava andando com o Zubat e o Koffing, mas provavelmente ela não sabia que eles eram pokémons ruins.
    Já a Ellie teve uma participação mais evidente e uma personalidade mais bem definida. Ela é aventureira e corajosa, apesar de ter pouca confiança em si mesmo. Fiquei curiosa a respeito do fragmento, pois pelo visto o mesmo não é uma coisa qualquer.
    O primeiro capítulo ficou bem legal. Logo mais lerei os próximos e deixarei minhas opiniões.
    Abraços!

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    1. Que bom que curtiu! Eu quis definir mais a personalidade da Ellie no começo, e construindo a da Sally aos poucos. Ambas são protagonistas, então vou revezando na hora de escrever.
      Mais pra frente aparece os motivos de Sally ter se juntado a eles! E o fragmento é um item bem importante pra Ellie. =D
      Obriga por ter lido e comentado! Até mais! =D

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  4. Aqui tivemos Sally e Ellie, uma Totodile e uma Snivy, se encontrando numa ocasião fatídica. Ellie tem sua bolsa roubada por dois sacanas, e no processo de tentar recuperar acaba conhecendo Sally que devolve pra ela o objeto que os dois tinham roubado e jogado para a azulada. Pouco depois Ellie surra os dois meliantes IOPSKOOPSOKPSOKSPOKSPS. Ao fim ali temos a apresentação de uma a outra e vemos um pouco de senso de honra em Sally quando a Snivy pergunta porque a outra não a matou.

    O começo não irei comentar, vou ficar matutando mais um pouco.

    Até depois, White!

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    1. Eu gosto de violência quando necessário, não vou negar hauhauskjhsjhasjhas
      Obrigada Napo, até a próxima!

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