Posted by : WhiteVir domingo, 5 de março de 2017






Agora que Sally percebera, ainda não conhecia totalmente a Guilda. Perguntou a Heitor, que estava novamente distraido, como normalmente era na Guilda.

- Sabe, quando cheguei aqui, eu nem sabia qual era meu quarto! E entrei num errado... Urgh... - E fez uma careta ao relembrar.

- Deve ter sido... Péssimo...- Tenta consolar Sally.

- E foi. - Suspirou. Desceu o último degrau, chegando ao primeiro andar, e suspirou novamente de alívio. - Mas não tem muita coisa por aqui na Guilda. Venham, vou mostrar o mapa pra vocês!

Ele apontou para um quadro emoldurado, perto da loja de Shimezo, o Croagunk. Nele, estava a planta da guilda, simplificada.

- Estamos aqui, no Salão Principal. Esse é o nosso primeiro andar. Temos os quartos. - E moveu a pata, dirigindo-a para a esquerda. - Bem aqui. E então, os banheiros. Agora, essa aqui é a Sala de Jogos, onde fazemos uma noite no mês de jogos, filmes e comida liberada! É um dos melhores dias que temos... - E por um momento, se perdeu nos seus pensamentos. De novo. - A-ah! E tem a cozinha. Aqui no canto direito, que eu vocês já conhecem! E essa parte só a Alice entra. Ela que administra toda a comida aqui...

- Nossa. Eu não sabia da noite livre aqui... - Fala Sally, olhando para o outro lado do Salão e vendo uma porta diferente, trancada. - A gente pode ir lá quando quiser? - Apontou.

- S-sim! É um lugar bem legal... Mas Charles não gosta quando vamos de dia, pois ele acha que ficaremos lá ao invés de fazer as missões... O pior, é que eu já fiz isso uma vez... - E se lamentou, abaixando a cabeça felpuda. - Eu tomei uma bronca... Mas aí eu nunca mais fiz isso.

- Uau, que coisa, Heitor... Então, existe algum livro ou manual da Guilda? - Pergunta Ellie, cruzando os braços. - Acho que tem mais regras por aqui, não?

- Oh, sim! Guildmaster Maya tem um sim! Acho que foi o Conselho que enviou... Mas olha, se você não foi avisado, não precisa se preocupar né? - E sorriu inocentemente.

- CARA! Sua lógica é genial! - Responde Sally, sorrindo, mostrando suas presas. - É uma boa ideia mesmo...

- Sally! - Reprende a Snivy. - Vai que a gente faz algo de errado sem saber e eles esperam para dar todas as punições de uma vez só?!

E olhando um para o outro, Heitor e Sally se preocuparam.

- É... Vai que vocês sofram nas mãos do Charles também... - Fala ele, baixinho.

- ... A gente pode ir ler depois do trabalho? -Pede a Totodile, esperançosa.

- Isso é preguiça?

- Eu acredito que muito provavelmente. - Responde a Totodile, disfarçando um sorriso. - Mas não vamos perder tempo agora! Vamos fazer um Quest!

- Desde quando não saber as regras, ou seja, ler um bom manual, é perder tempo? -Resmunga Ellie, subindo a escadaria e seguindo Sally em direção ao quadro de missões.

No segundo andar, Charles estava parado em frente ao quadro de missões, esperando pacientemente. Depois de os cumprimentarem, ele se dirigiu a Heitor.

- Neste caso, senhoritas, Heitor irá voltar ao seu trabalho e eu explicarei o que deverá ser feito. - Disse, erguendo a cabeça de penas pretas. 

O Pokémon entendeu sua deixa, e abaixou as orelhas. 

- Então... Até outra hora! - E Heitor saiu, voltando para o primeiro andar.

De onde estavam, o movimento de Pokémon havia começando a se intensificar. Havia pelo menos três ou mais Teams, formado por Pokémon que Sally ainda desconhecia. Como por exemplo, um Ninetales e uma Staraptor, que após pegarem alguns papéis, saíram calmamente da Guilda.

Além de alguns outros times decidiram rapidamente as missões e saíram às pressas, animados por começar mais uma aventura.

- Esse é o painel de Rescue e Deliver. Respectivamente, salvar Pokémon de Dungeons e entregar itens. Mas antes, devo explicar algumas outras advertências.

Chatot ajeitou suas penas, empertigando-se. Mas ainda não parecia relaxar, estando com os ombros de pluma azul tensos. Apontou com a asa direita para o painel, onde havia alguns papíis pendurados com diferentes faces de Pokemon.

- Em primeiro lugar, devo dizer que o número de Pokémon malfeitores vem aumentado consideravelmente. Segundo algumas notícias, não se sabe a exata causa do que tem afetado o comportamento dos Pokémon, deixando o lado... "maligno" os controlarem.

- Alterando o comportamento dos Pokémon? - Perguntou Sally.

- Sim. Precisamente. E isso fez o número de Jobs aumentar significativamente. E vejam, não somente isso, mas as Dungeons estão  ficando cada vez mais... - hesitou por um instante - Perigosas, instáveis. O que faz com que alguns grupos tenham... Se dissolvido. 

Ellie não se surpreendeu. Desde que começara a sua aventura, as Dungeons, haviam se tornado mais perigosas. De certo fato, teve sorte em não encontrar tantos riscos quanto esperava. Mas agora, alguns Teams haviam chegado em seu fim? Isso sim, era preocupante...

Segurou a alça de sua bolsa um pouco mais firme e voltou a prestar atenção nas palavras de Charles.

- E com isso, eu escolherei um trabalho para vocês. Vejamos...

Chatot ergueu a cabeça e passou a ponta da asa pelos papéis pendurados.



- Hum... Vejo que Darius já atualizou o quadro...

- "Atualizou"? -Pergunta Sally.

- Ah, sim. - Disse, se virando. - Darius atualiza os quadros com novas missões, toda a manhã. Estão vendo essa superfície de madeira? - E apontou para a parte mais clara. - Somente Darius tem a chave para virá-la e pregar novas missões.

- ... Eu nunca teria suspeitado... - Sussurra Sally.

- Nesse caso... Que tal esse? - Falou Charles, mais para si mesmo do que elas.

Estendeu o papel, e Ellie o apanhou, correndo os olhos por ele. Mostrou a Sally, que virara a cabeça para lê-lo.

- Hum... Parece-me bom. - Concluiu. - O que acha, Sally?

- Não seria nada mau pra um início de aventuras, não é mesmo? - Disse sorrindo.



* * *



- Espera, eu reconheço esse lugar.





- Nós estamos bem perto da Dungeon. - Disse Ellie, seguindo pela areia quente. - Você já esteve aqui?

Sally olhou o horizonte, com um olhar distante. Estava tão concentrada que sequer notou que Ellie se distanciava. Não chegou a piscar uma vez enquanto observava. Sally sentia o gosto salgado na boca, e a brisa do mar atingindo seu rosto. Quando finalmente piscou, chamou por sua amiga Ellie.

- Ellie? Ah, foi mal... É que... 

- O que foi, Sally?

Sally temeu por um instante. Mas tentava se convencer do contrário.

A praia. Ao sair do lugar, foi quando os problemas começaram. Primeira ameaçada por um Ariados, e em seguida recebeu a ajuda de Gerren, o Growlithe. Tivera sorte no momento, mas não tardou para que Zubat e Koffing a achassem e se aproveitassem de sua inocência, colocando-a no mundo dos crimes.

Agora que Sally ouviu as palavras de Chatot, teriam sido eles afetados pelo tempo? Eles seriam inocentes por agirem daquela maneira, roubando e enganando, sendo assim afetados pelo tempo?

Mas e se o mesmo viesse a acontecer com elas? Não havia nenhuma regra quanto a que tipo de Pokémon seria afetado, havia? Aquilo estava começando a dar náuseas. 

- Sally? O que foi, você está bem?

Saindo de seus devaneios, moveu rapidamente a cabeça para o lado, em direção a voz. Olhou para Ellie, a alguns passos a frente, e voltou a caminhar. Quando a alcançou, ambas voltaram a andar pela areia.

- Sally, o que houve?

- Eu tenho medo de me tornar descontrolada. E se eu for afetada? 

Ellie parecia confusa, e Sally começou a gesticular com as patas, apontando para alguns dos rochedos mais próximos ao mar.

- Sabe, eu acordei aqui. Não me lembro de nada de meu passado, ou o que eu era. E isso chega a me preocupar um pouco... Pois depois que sai daqui, algumas coisas ruins aconteceram. E depois disso, eu penso que... Para onde minhas emoções e impulsos irão me levar? O que vai acontecer quando estiver sem nenhum amigo?

- Eu não posso prometer nada. - Falou sinceramente. - Mas sei que você vai achar a resposta o quanto antes! E... Eu sinto muito que tenha passado por isso, Sally.


"Só preciso encontrar sua fraqueza, caso algo aconteça..."-Pensou Ellie. Mas jamais revelaria esse pensamento.

- Ah, por favor, não sinta. - E colocou as patas na cabeça. - Pra ser sincera, eu odeio quando sentem pena de mim. Faz me sentir fraca.

- Mas você não é fraca. - Afirmou sorrindo - Digo, se Kevin disse que você tinha potencial, as palavras dele são as minhas. Mas olhe... - Parou, fazendo Sally seguir seu movimento. Após alguns segundos, continuou. – Pelo menos você contou algo que te incomodava, não é?

- Sim. - E desviou o olhar, voltando a se deixar hipnotizar pelo mar.

- Já é um ótimo progresso! E isso mostra que você confia em mim! - Exasperou Ellie, sorrindo e empolgada, levantou os braços.

- Se vamos ser um bom Team, confio plenamente em você. Seremos um dos melhores que esse continente já viu!

- Pode crer! - comemorou Ellie. 

E Sally estendeu o punho fechado a frente, em direção a amiga. Ellie parou e ficou a olhar o movimento.

- Oh... Esse era pra ser um toque, sabe? Quando as coisas dão certo. Veja, você faz isso.

Sally moveu o outro punho, e quando este encostou no outro, logo se separou e moveu os dedos.

- Viu? É legal, né? 

Voltou a esticar o braço com a mão fechada. E Ellie fez o mesmo. Quando esses encontraram, ambas se separaram rapidamente e mexeram os dedos. Sally ainda curvou um pouco o ombro, rindo.

- É, a gente pega o jeito.

- Hey, Sally, a gente chegou. - Disse Ellie, olhando para trás de sua amiga.

A Totodile se vira, espalhando um pouco de areia com o movimento. Ellie se aproximou da entrada da caverna e remexeu sua bolsa. Pegou o mesmo papel com o Quest a ser concluído. Seguia as descrições e acenou positivamente com a cabeça, confirmando o local. Voltou a guardar o papel se virou para Sally.

- É isso. Nossa primeira Dungeon! Vamos lá, Sally!




Passaram pela entrada escura, e não tardou a entrarem na primeira sala da Dungeon. Era totalmente diferente do lado de fora: mais úmido, abafado, mas a corrente de ar era gelada. As paredes eram altas, e o teto com pontas pontiagudas. Pensou que aquilo poderia cair em cima delas...

Havia algumas fendas abertas, e nessas entravam alguns feixes de luz, que iluminam alguns pontos da caverna.  De início, seus passos eram lentos, observando o lugar em que adentraram.

- Esse lugar é sempre assim né?

- O ambiente, sim. Mas os padrões, não. E que bom que perguntou. -E Ellie deu meia volta, começando a explicar.- As Dungeons são muito misteriosas. E uma dessas características, é que as salas nunca serão as mesmas. Até podem ser parecidas, mas nunca iguais as anteriores.

-OW! Isso é estranho, mas legal. Hey, saca só isso. Uma lagoa!

Sally se aproximou da "lagoa" que encontrara. Estava há alguns metros a frente, era grande, mas não sabia dizer sua profundidade. Aproximou-se e agachou um pouco mais perto da margem, a ponto de tocar o nariz na água, observando se reflexo.

-Sally.  -Começou a sugerir Ellie, chegando mais perto. - Acho que talvez-

- AHHH! CAI NA TRAP! CAI NA TRAP! - Berrou.

Sally começara a correr freneticamente, colocando a mãos nos olhos, onde uma gosma marrom cobria sua visão. Indo de um lado para o outro, ela não via nada a sua frente.

-OW! CARA NÃO DÁ PRA VER NADA! - Disse, parando e tentando tirar a gosma. 

Elle olhou para a lagoa, e aos poucos, surgia um Pokémon que ria com a boca fechada, com um olhar maligno.

- Espera, mas isso não é um Shellos?

A criatura saíra da do pequeno lago, revelando-se. Era uma criatura semelhante a uma lesma, com a pele azul e listras amarelas curvilíneas que lembravam pequenas ondas na extensão do corpo. Tinha uma espécie de chifres, lembrando a extensão da cabeça, com a ponta branca. Os lábios eram carnudos, também amarelos, e os olhos eram negros, envoltos numa figura oval, também amarela.



Shellos parecia deslizar livremente pelo chão, deixando um rastro de água por onde passava. Não se interessou por Ellie, ignorou-a e partiu em direção a Sally.

A Totodile por sua vez acabara se livrando do líquido gosmento de seus olhos, e não satisfeita, olhava ao redor procurando o inimigo que fizera aquilo. Notou que Shellos se aproximava, e entrou em posição de ataque. Moveu o pé direto para trás, e deixou as garras à mostra e agitou a cauda rapidamente.

Focou-se somente naquela criatura há alguns metros, mas ainda sim, não deixando de ignorar todo o ambiente ao redor. Poderia usá-lo a seu favor. Agora que pensara, seria mais rápido acabar com ele se uma daquelas estalactites caísse nele...

"Não, não sou assim!" - Soou uma voz em sua cabeça. Então ignorou quais quer pensamentos, e rosnou.

- VOCÊ! VAI SE VER COMIGO! - Bradoou.

Sally avança tão rapidamente que passou como um borrão para Ellie, que decidira ficar parada para ver a cena, pois sabia que nada poderia fazer. Quando Sally se aproximou de Shellos, que se mostrou confuso pelo ataque, notou que Sally desaparecera de vista.

Ellie também não acreditara nos olhos, e passou a olhar para os lados a procura de Sally.

E quando menos esperava, uma Totodile surgiu, a direita do oponente, dando tempo somente dele olhar para a rival. Ela o jogou o braço, arranhando cruelmente o inimigo, ainda rosnando de raiva. Ele fora jogado de lado, caindo no chão e não levantou mais.

Shellos não se movia e Sally começou a se acalmar.

- Acabei com ele... - Responde, recuperando um pouco do ar. - Uau! Eu realmente voltei com meus poderes! - Fala, olhando esperançosa para Ellie. 

- Pelo visto, você não teve mais medo... - Fala ela, se aproximando de Sally.

- Eu fui mais pelo... Impulso.

"Tem algo meio errado nisso aê." - Refletiu sobre o estranho sentimento de insatisfação. "Ah depois eu descubro."

Mas não conseguindo impedir a sua mente de pensar, então resolveu parar e refletir sobre. E se a única diferença dela para os Pokémon da Dungeon, ou dos que cometessem crimes, fosse esse impulso? Tremeu ao pensar no que poderia se tornar se permitisse se levar .

"Mas não adianta ficar brava! E nem desesperada... É só não fazer de novo!" - Responde para si, voltando a respirar.


E quando olhou para o Shellos, agora uma pontada de culpa, viu que ele desaparecera.

- ELLIE . ELE SUMIU!- Gritou, a olhando espantada.

- Quando os Pokémon perdem em combate, a Dungeon os expulsa. Ele não virou pó nem nada, ok? Ele só desapareceu e voltou de onde veio, provavelmente para a entrada... Ou em algum outro canto da Dungeon...

Sally voltou para a lagoa e não percebeu mais nenhum movimento. Afastou-se e voltou para perto de Ellie.

- Mas ele desapareceu e...

- Não, não! Ele não morreu. Ainda que ele tenha desmaiado, eles sempre voltam para onde vieram! Olhe, isso aconteceu comigo uma vez. Eu fui derrotada em combate e desmaiei. Quando eu vi, estava na porta da Dungeon. Foi por um deslize, sabe? Acontece de vez em quando.

- O que havia acontecido?

- ...Monster House. - Disse simplesmente, como um sussurro, com olhos arregalados por se lembrar da memória daquela ocasião.

- Monster House?

- Ah, sim, sim. É quando você chega a um novo andar da Dungeon e...E... Aparecem vários Pokémon de uma vez. E todos vêm pra cima de você. - Falou, tentando articular as palavras. - É algo comum com os Pokémon das Dungeons.

- Ah... Ow, deve ter sido...

- Terrível? - Completa a frase. - Quase. Mas consegui pegar vários itens bons! Em Monster House sempre haverá bons itens! - Comentou já alegre. – Mas ainda sim, perdi alguns quando eu acordei...

- Eu iria dizer legal... Mas, vamos voltar a andar.


* * *


- Sally, me diga, como você se sentiu quando atacou Shellos? - Indagou a curiosa Snivy.

Enquanto andava pela Dungeon, Sally e Ellie haviam encontrado mais alguns Pokémon pelo caminho. Mas por sorte ou não, eles estavam longe demais e desapareceram de vista. Então, ao aproveitar o silencio, por ainda não estarem tão perto do objetivo, Ellie decidiu saber mais sobre Sally.

- É estranho, mas... - Olhava para suas patas, enquanto caminhavam pela Dungeon. – A verdade é que já parece algo natural pra mim. Mas foi bem divertido. A adrenalina subiu no corpo todo, até na espinha!

- Que bom!

- Mas me sinto meio mau por deixar ele... Desacordado. Digo, eles não podem morrer, né?

E Ellie ficara pálida, parando de andar, e mordeu os lábios.

- UÉ? -Fala, surpresa e parando.

- A morte é algo natural aqui... Alguns realmente podem se machucar nas Dungeons e lutas... Não lembro de casos de Pokémon morrendo nas Dungeons...

- Ufa...

- Mas ouvi dizer que alguns Teams pertencentes á uma Shadow Guild eliminaram alguns Pokémon em umas Dungeons...

- Espera, existe Shadow Guilds?!

- Sim. Um pouco antes disso...-E moveu o dedo, o girando indicando ao redor - Disso tudo acontecer aqui. É estranho.

- ... Uau! Espero que a gente não cruze com um deles...

- Eles me dão arrepios. -Resmunga Ellie, voltando a andar. - Mas acho que não se muda essa natureza, muda? Digo, todos temos alguma escuridão aqui dentro...- E depositou a mão no coração. - E não são todos que querem mudar...

- Ou então, estão cegos. -Fala Sally, em transe. Ela teve a sensação que já pensara isso alguma vez.

Mas, provavelmente, deve ter esquecido.



* * *



- Ellie.

- Sim?

- Mas, e quanto a você? Quando começou a lutar?

Ellie demorou a responder, desviando o olhar, constrangida.Olhava para o final do corredor, como se a resposta estivesse lá. Abriu a boca, mas calou. Sally a olhava com curiosidade.

- Na verdade, eu... Eu acabei me defendendo de um ataque uma vez, e meus cipós atacaram. E a partir disso, tive maior controle dele, ainda que no início chegasse a me atrapalhar um pouco.

- Atrapalhando você mesma?

-Sim. Por exemplo, quando eu me virava pra pegar um copo de água, o cipó surgia e quase quebrava tudo ao meu redor. Mas, com o tempo, já tenho pleno controle deles.

- Ow. Digo, isso é demais! Você sabe dominar seus poderes!

- Você também mostrou isso. - Responde sorrindo. - Na verdade, bem mais rápida que eu. - E riu levemente.

- Mas sei lá... Sinto que eles realmente estavam adormecidos e que já aprendi em algum lugar a como fazer isso, só não lembro onde.

- Seu passado vai aparecer mais cedo ou mais tarde. Eu acredito nisso. Um dia. -Comenta esperançosa. 

- É verdade. Um dia, quem sabe eu lembre ou descubra o que eu fazia antes né? Enquanto isso, eu faço novas memórias!

Então, haviam subido mais alguns poucos andares.

E desceram outras escadarias de pedra, tomando cuidado para não escorregarem na areia úmida também. Porém, quase escorregaram devido ao fato de serem pedras lisas e haver goteiras por perto. O lugar ficou um pouco mais escuro conforme foram para a parte mais profunda da caverna.

Chegaram a que deveria ser considerada a última sala, pois não havia mais para onde se descer ou subir. No canto esquerdo, encontraram outro Pokémon, amedrontado e encolhido.

Escondia seu rosto como uma criança, e ao se aproximarem, realmente se tratava de uma.

O Pokémon era de um formato oval, de um rosa chamativo e seu sorriso não estava presente. Suas duas antenas, na verdade, eram feitas de folhas verdes, num formato reto e cortado. Os olhos eram amarelos, mas dele se saia lágrimas. Os soluços eram pequenos e delicados, fazendo com que os que assistiam a cena, também ficassem chateados.






Ao se aproximarem, as orelhas do Pokémon se levantaram e parou de chorar. Pela reação, Ellie deduziu que estaria confuso, pois naquele estado, a criança poderia facilmente confundir um inimigo com as que realmente viriam a salvá-lo. A Snivy se aproximou devagar, pedindo que fossem calmamente. 

Ao chegarem mais perto, Hoppip encostou-se na parede e quando voltou a chorar, Ellie falou gentilmente:

- Não se desespere, pequena... - E estendeu as patas para frente, como um sinal de ajuda. - Nós viemos te levar de volta pra casa.

Hoppip soluçou mais uma vez antes de parar de chorar. A criatura rosa se levanta e corre em direção a Ellie, abraçando-a. A Snivy fica sem reação e Sally faz o possível para esconder o sorriso. Encabulada, Snivy a envolve com um braço e com o outro retira sua Explorer Badge, que começou a emitir um brilho suave.

- Acho melhor nós irmos, Sally.



* * *



-OH MEU ARCEUS! Vocês realmente a acharam!

A Jumpluff abriu os pequenos braços azuis e abraçou a pequena Hoppip, não a soltando por um bom tempo. Quando se separaram, beijou a testa da pequenina e se voltou para a dupla. Tirou um saco marrom, e pelo barulho, eram moedas.  Também ofereceu alguns itens comuns, que Ellie rapidamente guardou na bolsa de explorador. Agradeceu mais uma vez, e saiu saltitante com a filha em um dos seus pompons brancos na cabeça.

- Eita. - E olhou para o saco.- Ela deu 2000 Poké-Dolares. Uau!

- Não se esqueça dos itens. Sério, vamos virar ricas desse jeito. - Fala Sally, contente. 

- Caham, senhoritas. - E uma ave colorida se aproximou, de aspecto sério. Charles parou em frente a elas. 

- Sim, Charles? - Perguntou Ellie.

- O pagamento, é claro. - Falou simplesmente.

Ambas recuaram, com olhos arregalados. Chatot pegou o saco de moedas sem grandes cerimônias e então retirou algumas moedas e colocou em outra bolsa, maior e que parecia estar cheia. Entregou o saco, mas muito mais leve e ignorou o desapontamento das jovens.

- Mas... Ficamos com apenas 10%? - Lamenta Ellie, olhando para o dinheiro.

- É claro. - Responde. - É para as despesas da Guilda, pagamento dos funcionários, pagar o aluguel da propriedade, sem contar a licença da Guilda que faz parte do conselho, a alimentação e-

Sally parara de ouvir. Ficaram tão absortas na ideia do pagamento, que era mais que absurda. Ao menos, em seu ponto de vista. Não deixou de ficar brava, mas quando ele mencionara outras coisas, realmente considerou que usariam esse dinheiro para bons fins.

Forçando-se a ficar calma, Sally apenas suspirou, aborrecida. Ellie guardou o dinheiro na sua própria bolsa e assim que Chatot terminou, ela toca o braço de Sally.

- Hey, não fica assim. Olhe, pelo menos temos um novo lar e as refeições. Poderia ser muito pior, não?

- É verdade... - E parou para avaliar as palavras da Snivy. De fato, manter uma Guilda daquelas proporções não era nada fácil.

E com alguns tantos integrantes...

- Anda. É hora do jantar! - E deu um tapinha no braço dela, que acordara dos pensamentos.

Ambas se dirigiram para o primeiro andar, descendo as escadas. Viram outros Pokémon seguindo para a cozinha, animados e falantes. Quando viram a dupla, as cumprimentaram e juntos, todos foram para a cozinha.

- Mas Ellie... Que isso é uma sacanagem isso foi. Ele não tinha falado nada disso... - Sussurra Sally em seu ouvido. 

- Eu sei. - E suspirou, sentando-se na cadeira.

Ao longe, avistaram a entrada de Heitor no refeitório, e quando este as viu, abriu um largo sorriso e sentou próximo delas. Alegre, começou a contar todas as atividades do dia, detalhando cada movimento que fizera. Ao menos o jovem Bidoof estava animado.

Suspirando, Snivy e Totodile sabiam que aquela noite seria longa para elas.






{ 2 comentários... read them below or Comment }

  1. A primeira quest a gente nunca esquece! kkkkkkkkkk

    Diga ae White! Eu gosto bastante de como você vai introduzindo os detalhes da história bem devagar. Quando se faz tudo apressado é comum a gente deixar vários detalhes pra trás, mas aqui eu mesmo lendo em um ritmo bem devagar consigo lembrar dos detalhes dos outros capítulos porque você sabe desenvolver a história com calma.

    A Sally já está controlando melhor seus poderes. Só falta controlar a cabeça, né? Menina, você ainda vai matar um! Fica fria! É bom pelo menos que ela demonstre esse receio de perder o controle de vez, e se força a ficar com a cabeça no lugar. Mas por outro lado eu tenho uma leve desconfiança de que esse medo é que vai facilitar o domínio desse lado sombrio dela.

    No fim das contas foi uma quest tranquila, muito mais um teste que o Charles deu pra ver como elas se saem. Aos poucos as duas vão evoluindo e se tornando capazes de fazer alguns trabalhos que exigem um pouco mais de habilidade. Vai ser legal acompanhar esse desenvolvimento da dupla.

    Até a próxima! õ/

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    1. Primeiras quests, são tão basiquinhas, ihihi.
      E ai Sigert, fico super feliz que você tenha lido e comentado! Eu tentei fazer algo com calma no início, pois esse foi meu erro antes de dar reboot, acho que agora já tá mais fechada a história, então vou indo.
      Sim! Sally tem poder, está aprendendo a controlar. Apesar de que até um tempo atrás ela não manjava muito, uhauauah
      Obrigada por acompanhar! Até a próxima =D

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