Archive for janeiro 2020

Equipe Aliança Aventuras

 


Para um projeto com tantas histórias é necessário uma equipe grande. Abaixo você confere um breve resumo dos nossos membros atuais e as vagas que eles ocupam nas regiões que estão sendo escritas.

• JanjoVS - Kanto                                                                

JanjoVS, antigamente conhecido como Killer of Murder ou apenas Kill, é um ser que está nos bastidores da internet do Mundo Pokémon há muito tempo. Hoje compõe a equipe como autor de Aventuras em Kanto.

Nasceu em 1997, 2 dias antes do primeiro aniversário da franquia de jogos que mais iria jogar na sua vida, e se orgulha de falar isso, mesmo que não signifique nada. Seu primeiro jogo foi uma cópia de Pokémon Gold em japonês que o moleque não sabia ler, mas se divertiu horrores e depois disso se tornou um colecionador compulsivo de itens Pokémon.

Com o passar dos anos se apaixonou por outros jogos, livros e pela ciência. Largou duas faculdades antes de finalmente se formar em Biomedicina. Atualmente é mestrando em Tecnologias em Saúde, e se interessa por divulgação científica. Nada a ver com fanfics, mas o coração é grande e tem espaço pra tudo.



• Dento - Johto                                                                   

Dento, oficialmente Willian Teodoro, é um estudante de Música que reside em São Paulo, capital. Nutre paixão por Pokémon desde os áureos tempos de 1999 — mesmo tendo trocado a série por Digimon na Globo em meados de 2000.

Com tendências a fazer piadas sem graça, é apaixonado por música, fazendo carreira artística. Em sua playlist, toca de Zé Ramalho, passando por Queen, Beatles e chegando a Zezé Di Camargo e Luciano. Caseiro, é um rapaz que não curte sair para baladas, preferindo ficar em casa tocando ou escrevendo.

Escreve o que hoje é conhecido como Aventuras em Johto desde 2010, passando por muitas modificações até 2012, quando o primeiro capítulo ficou pronto. Após alguns poucos anos em hiato, a história foi retomada sendo moldada ao que é apresentado hoje. Tímido, ainda acredita na humanidade.



• ShadZ - Hoenn                                                                

Membro da Aliança desde o início do projeto, ShadZ começou como responsável por Kanto, tendo depois migrado para Hoenn, onde se encontra até hoje. Nascido em 1993 no interior do Rio de Janeiro, acompanhou o anime desde sua estreia na Cartoon Network e teve em Pokémon Crystal seu primeiro jogo, ainda aos 10 anos de idade. Desde então sua vida esteve sempre ligada à franquia de alguma forma.

Começou a escrever em 2010, e migrou para a categoria de Pokémon poucos meses depois, ainda no mesmo ano. Entre alguns projetos que nunca foram pra frente, finalmente se estabeleceu com Aventuras em Hoenn, encontrando na região a sua favorita e na equipe da Aliança um suporte pra continuar firme no seu objetivo de conseguir escrever uma história até o final.

Formado na área de TI, não exerce a profissão, mas segue sendo um entusiasta no assunto. Adora comer besteira e ficar sem fazer nada. Introvertido, mas basta o mínimo de conversa pra já se soltar e mostrar seu lado retardado e falador de abobrinha.



• CanasOminous - Sinnoh                                                

Acompanhando a Aliança Aventuras desde 2011, Canas é o escritor do Aventuras em Sinnoh, que levou cinco longos anos para ser concluída. É também autor de livros juvenis, mas sempre acaba voltando ao mundo das fanfics mesmo depois de mais de uma década.

Apaixonado por jogos, filmes, música e cultura geek, está sempre conectado na internet alimentando um hobbie que vem cultivando com o passar dos anos: o poder das palavras. Tem publicado um livro de sua autoria, e é possível encontrar algumas histórias suas perdidas na internet.

Estima especialmente o poder que os desenhos têm de mostrar uma visão única, e está sempre dando o seu melhor para ver a Aliança como um todo ao lado dos amigos que cultivou na internet ao longo dos anos.



• Jolly - Unova                                                                     

Júlia Moura, mais conhecida como Jolly, se juntou à Aliança como autora de Aventuras em Unova no final de 2019, sendo uma das mais recentes integrantes da equipe. Nascida em 2002 em Recife, conheceu Pokémon aos 8 anos de idade graças à RedeTV, que exibia os episódios de Pokémon Diamond & Pearl diariamente.

Em 2012, ainda sob o pseudônimo de Garota Enderman, se tornou uma leitora de Aventuras em Sinnoh, o que intensificou ainda mais seu amor pela franquia, e começou a acompanhá-la oficialmente após jogar Pokémon White 2 em 2013.

Escreveu sua primeira fanfiction em 2011, e não parou desde então. Seus interesses são animações (orientais e ocidentais), jogos de qualidade questionável, criar personagens originais, colecionar tranqueiras, testes de personalidade e assistir longos vídeos de análises no YouTube. Seus maiores sonhos são virar aquela pessoa da família que se mudou pra outro estado e quase ninguém tem muita notícia, e ter um apartamento maximalista pra causar dor nas vistas alheias.



• Haos Cyndaquil - Kalos                                                   

Vítor Siqueira, apelidado virtualmente de Haos Cyndaquil — ou apenas Haos — já era grande fã da Aliança Aventuras, e fora convidado a ingressar em 2013, como responsável por Aventuras em Kalos — cargo que ainda ocupa.

Libriano, nascido em 1998, possui uma grande paixão pela escrita, música, cinema e teatro. Gosta de descobrir coisas, conhecer o mundo e a vida. Pretende seguir carreira dentro da área cinematográfica ou de artes cênicas, ainda que deixe guardada uma paixão pelas ciências. Ama mover o pensamento das pessoas, causar reflexão. Esse é seu maior objetivo.




• Jamal - Alola                                                                     

Guilherme Domingues, apelidado carinhosamente como Jamal, é uma criança de 2000. Excêntrico e doido varrido, conheceu Johto por volta de 2015, tendo sido convidado a se juntar à Aliança em 2019 como escritor de Aventuras em Alola.

Apesar do coração de exatas, tem uma paixão enorme por música, mistério, ficção científica, heróis e piadas sem graça. Cursa Engenharia Elétrica, mas seu maior sonho é trabalhar como detetive, resolvendo crimes e mistérios. Tagarela, adora conversar, conhecer novas pessoas e sair com os amigos, seja para uma festa ou para um rolê família.

Vidrado em jogos, seus favoritos são os que pode exercitar sua imaginação ou o raciocínio, mas vez ou outra sempre está jogando algo para distrair a mente. Conheceu Pokémon pela televisão quando criança e jogou pela primeira vez Black & White em 2011, quando se apaixonou completamente pela franquia e os jogos.



• Angie - Galar                                                                    

Nascido em 2000, em Portugal, Angie sempre teve uma grande paixão pelas letras. Estudou Comunicação e realizou investigação na área do Audiovisual. Passa grande parte do seu tempo a ver séries, filmes, ouvir música, tirar fotografias ou a analisar astrologia. No mundo real é sociável, porém adora isolar-se no seu mundo imaginário livre de problemas.

Entrou no mundo das fanfictions em 2012, quando encontrou a primeira versão da Aliança Aventuras numa tarde aborrecida de Outono. A partir daí, tentou ter os seus próprios projetos, mas todos eles acabaram por falhar. Atualmente, o autor de Aventuras em Galar promete não desistir e dar tudo de si para todos os leitores da Aliança se divertirem com ele.



• Shiny Saturn - Paldea                                                     

Nicole é uma portuguesa simples, sem grandes coisas para comentar sobre si. Mais conhecida pelos pseudónimos Shiny Reshiram ou Shiny Saturn ao redor da internet, é chamada por simplesmente Shii entre amigos mais próximos. Hoje escreve Aventuras em Paldea.

Tem como principais paixões e atividades de tempo livre desenhar e escrever coisas aleatórias. Desde muito nova, sempre adorou inventar e desenhar as suas próprias personagens fictícias, além de suas histórias retratando então aleatórios universos de fantasia.

Sempre foi apaixonada pelo universo da animação. Sonha em um dia conseguir criar seu próprio de alguma forma.



• Zyky - Oblivia                                                                   

Conhecida primeiro como Zykynha, depois como Zyky Flareon, mas hoje prefere só Zyky, a primeira garota a entrar na Aliança e a mais antiga até o momento, sendo responsável por Aventuras em Oblivia. Acompanha essa bagaça desde sua fundação, com a primeira Aventuras em Johto.

Estuda Ciências da Computação, mas já passou 16 anos da vida pensando em ser veterinária... Fazer o quê? Os números falam mais alto. Não sabe ao certo em que área da informática quer trabalhar, mas sabe que tem que mexer com códigos para ser feliz.

Leitora compulsiva e amante de jogos em geral, descobriu que aprendeu sobre videogames desde bebê, vendo o irmão mais velho jogar. Não se acha particularmente boa em nenhum tipo ou estilo, mas sim uma jogadora mediana. Adora RPGs e nutre um amor incondicional por Just Dance. Adora Pokémon, principalmente a série Ranger. Mas seu jogo favorito se chama Solatorobo: Red the Hunter. Nas horas vagas faz o que dá na cabeça, seja jogar, ler, assistir, escrever ou brincar com a cachorrinha que ela deu o nome de Sapphire. Casada com o Panda.



• White - Mystery Dungeon                                              

Virgínia Cardoso é mais conhecida como White e cursa Jogos Digitais na Fatec São Caetano do Sul. Pretende trabalhar com a área criativa e de desenvolvimento.

Seu primeiro jogo foi o Pokémon Mystery Dungeon: Blue Rescue Team, que coincidiu com seu cargo como escritora de Aventuras em Mystery Dungeon. Desde então, passou por quase todas as regiões.

Adora desenhar e contar histórias, e quer levar seu hobby a sério. Às vezes, faz algum cosplay e acompanha os animes das novas temporadas.



Notas de Autora #21


Já pararam para ver como as coisas são?

Eu tenho refletido nesse tempo, em que entro duas vezes por ano pra postar algo. Eu não lembro muito da história. Isso é um problema, mas quero ir atrás e ver se consigo reviver aquele meu amor por escrever coisas que me fazem feliz.

Ano passado foi um ano turbulento né? Eu tive muitas coisas na faculdade e um pouco na vida pessoal, muita coisa a ser resolvida mas parece que continuo no mesmo lugar.

É zoado.

Mas enfim, vamos ao capítulo de hoje. Eu escrevi ele há mas de 6 meses, acho, nas férias passadas. Mostrei pra uma pessoa e achei bom em geral. Gosto de colocar algumas coisas diferentes.

Queria colocar essa personagem em 2016. Veja quanto tempo demorou pra isso acontecer! Foram anos desenhando, rascunhando e mudando seu visual e personalidade. Ela ficava na minha cabeça quase todos os dias. Eu ainda continuo amando-a como minha criação, mas parece que ela e eu mudamos um poucos nesse tempo.

Ela anda por uma das vilas que eu quis criar na história. Lembrando que não vou me limitar a apenas o cenário do jogo. Embora essa floresta tem semelhanças com algumas coisas do jogo.

Mas já a pessoa encapuzada não vou falar sobre. Fica a imaginação.

O que importa são as intenções, geralmente. É isso, acho que vou jogar Stardew Valley.


Capítulo 21: Palavras esquecidas





CAPÍTULO 21: PALAVRAS ESQUECIDAS





A floresta estava silenciosa. Quieta. 

As gotas caiam das folhas das árvores, o vento passava por entre as árvores, o som de seus passos pisando na grama e nas raízes. Tal era o nome daquela floresta, a dos esquecidos.

A mulher de cabelos verdes e amarelos, vestimenta vermelha e espadas embainhadas, caminhava duramente. Não havia ninguém além dela naquele lugar, ou se tivesse, não havia mostrado as caras perante um ser com tanta aura raivosa.

Ela sentiu um gosto salgado, como se tivesse misturado água com gás e sal. Como se tivesse mastigado algo que passou do ponto. Era ruim e colocou a língua para fora, como se tentasse se livrar mas não conseguia.

- Alguém deve estar falando de mim. - Disse, baixinho.

Resmungou e seguiu em frente, movendo a cabeça para cima e para baixo, como se tivesse se conformado. Estava a mil naquele dia - não como se não estivesse nos outros dias - olhando para o chão como se não ligasse para o o que passasse ao seu redor. As vezes falava alto, chutava a grama com raiva ou até mesmo abria a boca sem falar nada. As coisas não andavam bem.

- Inferno. 

Se lembrava de cenas que a irritavam demais (como pessoas paradas a sua frente, ou então pessoas que a provocavam lentamente, como arranhar a lousa) ações que não irritariam tantas pessoas no cotidiano, mas para ela, alguém apressada, isso era a gota da água. Sentiu um nojo surgir de dentro, passando pela sua garganta com uma sensação ardente e antes que percebesse, cuspiu, atingindo a pedra. O respingo parou em sua bota, e se irritou mais, com vontade de tirar a bota e quebrar a pedra. Mas era inútil, então guardou a raiva para si mesma. Não ia adiantar nada, mas o sentimento ficou, rodeando-a como um animal rodeava presa antes do abate. 

- Sinceramente. Inferno. - Grunhiu, mais parecendo um rosnado.

Em seu bolso, algo parecia chamá-la.

Prometera que não fumaria. Prometeu que não acenderia um daqueles cigarros, e parou de fato. Mas havia feito um com as coisas que a natureza lhe dava. Não era toxico, mas não chegava perto da sensação de queimadura e calmaria que o outro passava antes. Então pegava folhas de algumas plantas e mascava, ou apenas segurava e esmagava com a mão, o sulco escoando pela sua luva.

- Saco, que se dane! Isso nem chega perto do que era e não tem cheiro ruim.

Pegou a planta enrolada, colocou na boca e começou a mascar, mais e mais forte, os dentes fortes e meio amarelados rangendo uns contra os outros.

A cada mordida, um pensamento de raiva. De hoje, ontem, e os fatos do passado que a traziam até aqui. Em suas veias, sentia algo ruim correndo, algo que não era dela mesma, como se a raiva fosse veneno. Incomodava, e se perguntava várias, várias vezes. Teria valido a pena? Do que adianta agora? Não dá pra reverter? Preciso aceitar esse fato, seguir em frente? 

Não. 

A raiva não deixava, então pegou novamente sua espada, olhando para as pequenas marcas que compunham sua katana.

Era como se até o objeto ria de sua cara.

- ...Vai a merda!

Embainhou a espada, que também horas atrás lhe trazia conforto, mas quase a quebrou. Sentia que podia quebra-la facilmente com o poder de seu ódio. Ódio deixava as pessoas mais fortes, de um jeito ou de outro.

- Por que nada dá certo? - Se perguntou.

Franziu as sobrancelhas de novo, mascando mais forte.

- Ack! 

Mordera a língua e sentiu o gosto de ferro do sangue, o desespero dos dentes enterrando na própria carne e não poder fazer nada. Demorou para processar, como se seu corpo parasse e atrofiasse. 

"As coisas não vão como eu quero!"

E não pensou em mais nada. Por hora, apenas desistiu.




Passou mais algumas horas caminhando, tentando não pensar em nada, quando achou um vilarejo. Ele não era grande, mas parecia que parte da população vivia bem, só de olhar com seus olhos afiados para a ambientação. Boas casas, instalações, luz e lugares com amontoados de pessoas. Era de estrutura semelhantes a casas simétricas e feitas com madeira. Não achava nem mesmo uma janela diferente da outra, embora as cores fossem variadas nas ruas de pedra.

Supôs que não deveria estar lá muito longe de seu objetivo. Embora, a parte difícil começaria aqui. Precisaria de informações.

Caminhando pelas ruas, viu vários Pokémon passeando, geralmente em pares. A essa hora da tarde, ainda via crianças brincando nas ruas de pedra com bolinhas, pedras e tudo que havia por perto. Algumas senhoras estavam na varanda, tecendo seus crochês, outros senhores estavam reunidos e escutando um rádio pequeno, senão conversavam e abanavam suas cabeças com seus chapéus de palha, que quase caiam de suas cabeças. 

Recebeu alguns olhares curiosos pelo longo do caminho, embora os ingonorou, olhando para o chão. Deveria estar com tanta raiva que se alguém chegasse perto, ficaria irritadiço também. 

Um tempo depois, quando sua intuição a fez parar, ohou para cima vendo uma placa pendurada por correntes pretas, escrito "Taverna do Groundon!". Abanou os ombros e colocando as mãos nos bolsos da calça, entrou. 

A porta de madeira rangeu alto e os olhares se voltaram para ela no momento que pisou no assoalho de madeira. O restaurante - era o que parecia - tinha mesas, cadeiras tudo feito a madeira. Havia quadros pendurados, mas pareciam um pouco gordurosos quando se olhavam para os vidros, que estavam pouco embaçados. O cheiro era de pão quente, suor de pessoas alegres, que se exaltavam demais e falavam alto. Por que seguiu sua intuição? Só queria um lugar com silêncio, mas nem isso conseguia achar. Talvez deveria voltar para a floresta.

"Estupida intuição."

Uma mulher chamou sua atenção, vindo até ela. Parecia ser a atendente, pelo vestido vermelho e avental branco, porte baixo e um busto pequeno. Tinha o cabelo vermelho e olhos marrons e mãos um pouco calejadas.

- O-olá! Posso te ajudar? - Disse com uma voz alegre, mas como se fosse forçada, como se estivesse com receio de se aproximar.

Percebeu pelo jeito que ela falava, que deveria usar outro idioma. Outro vocabulário. Mas não estava difícil como antes. Estava pensando até mesmo nesse jeito.

- Eu gostaria de algo para beber. 

- Ah! Claro. Você está sozinha?

- Sim.

"Por favor, não demore. Preciso achar um lugar para dormir."

- Por aqui.

Conforme seguia, algumas pessoas olharam para ela. Suas roupas diferiram das pessoas, das crianças e das famílias em geral daquele lugar. As mesas estavam em geral cheias, por vezes alguma figura a olhando de soslaio. Ela a guiou para o balcão, ontem sentou em uma cadeira alta e almofada. Colocou as mãos em cima do balcão, quando a garçonete trouxe o cardápio.

- A vontade!

- Ei! Elena! 

A mulher se virou, e viu que um grupo a chamava. Era da mesa grande, aparentemente de uma grande família, com crianças, avós e muitos adultos. Foi na direção deles, anotou os pedidos e andou perto do balcão, onde tinha uma parede cheia de papéis, podendo ser visto os cozinheiros em ação. Ela pendurou ali e uma mão de dentro pegou o papel, uma voz masculina começando a berrar o pedido.

Enquanto isso, observou o lugar, já que decidira o que pedir. Era grande, mas só tinha um andar, sem a presença de escadas, uma grande estante de vidros coloridos na sua frente que se estendia por quase toda a parede, um espelho e armários com portas de vidro. Achou a decoração confortável, pois era diversa. Havia um globo, mostrando os continentes, quadros pretos e brancos, alguns de rostos, outros com imagens simétricas e coloridas. Até mesmo uma bicicleta estava pendurada no teto. Como, não sabia, mas aquele lugar diferia do ambiente do vilarejo.

Talvez por isso estava bem frequentado hoje.

- Ah, você já decidiu? - Perguntou a mulher, um pouco menos tímida. Percebeu que ela tinha algumas sarnas no rosto, pequenas, que realçavam sua pele clara e cabelo vermelho.

- Sim. Eu quero esse aqui. 

Apontou com o indicador e com um aceno de cabeça, a mulher se virou, voltou para a frene do balcão que saiam os pedidos e não tardou para entrega-los aos clientes. Agora, na frente da espadachim, começou a pegar os vidros, frascos e copos da grande estante a sua frente. Com rapidez e precisão, ela misturava tudo, mexia e depois misturava de novo. Por fim fez uma espécie de malabarismo, que não a impressionou (muito).

- Prontinho. 

- Onde eu pago? - Perguntou diretamente.

- Pode ser comigo, ou se preferir, você mostra esse papel papel no caixa.

- Caixa?

- B-bom, é, ali.

Apontou para um lugar que parecia uma cabine, também de madeira. Dentro dela havia um homem, também com algumas coisas dentro, caixas coloridas e até brinquedos pequenos.

- Entendi. Isso aqui cobre?

Ela estendeu umas moedas, de cor prateada. Aquilo fez a mulher ficar surpresa.

- Da onde é isso? 

Talvez ela tenha falado até alto demais. Todos pararam para olhar.

A espadachim não se abalou. Também não tremeu as mãos. 

- Ah, vocês não aceitam esse tipo de moeda? 

- É uma moeda estrangeira? Nunca vi ela antes! Da onde você é?

A mulher guardou na pequena bolsinha. Pegou outras moedas, e mostrou a garçonete, que aceitou.

- De muito longe. - Respondeu.

- Ah... Nossa, que legal! - Disse feliz, começando a perder a timidez. - Que lugar é?

A mulher de cabelos verdes olhou ao redor, colocando o canudo nos lábios. Ao ver que não era mais o foco da atenção, olhou para a garçonete.

- É um lugar triste.

A feição da mulher mudou totalmente, chegando a dar um passo para trás. Ela ficou triste também, com os olhos cabisbaixos e e sobrancelhas caídas.

- Eu busco uma coisa. - Falou, colocando o copo na mesa, o liquido quase no fim. - Você acha que pode me ajudar?

- A..acho que sim.

Ela pegou um mapa, colocando em cima da mesa, puxou uma caneta da manga e perguntou aonde estavam.

- Nós estamos aqui não é? Pode me dizer aonde fica a caverna do guardião?

- Hum? - A expressão mudou para surpresa. - Nossa, que estranho! Uma mulher veio perguntando a mesma coisa nesses dias... Mas olha-

- Uma mulher? Como ela era? - O timbre de sua voz alterou. Isso assustou a garçonete, e ao perceber, pediu desculpas.

- A-ah... Tudo bem... Era uma mulher bem alta... E ela era bonita, usava um casaco cinza e o cabelo era preto. Nunca vi alguém como ela, é conhecida sua, será?

- Acho que sim. - Concluiu, mais para si mesma, acenando devagar com a cabeça. - Mas poderia me dizer aonde fica esse lugar?

- Ah claro. Aqui.

Apontou e disse mais algumas coisas sobre. Parecia que a garota gostava de geografia e começou a se estender no assunto. Percebendo que ficaria alia a noite inteira se deixasse, pegou os detalhes mais importantes e anotou em uma caderneta pequena. Guardou tudo em seus bolsos e terminou a bebida, que nem gelada estava mais e agradeceu.

- A-ah, obrigada pela visita!

Acenou de costas, andando até a a saída. Não havia quase ninguém no bar a essa hora.

Apressada, não ligou se era de noite. Com rigor revigorado, ela decidiu fazer o caminho. 

Para sua surpresa, sentiu uma gota de chuva em seu chapéu. Ah não, se encharcaria novamente. Nesse momento, um cansaço a atingiu. Como se ao sair daquela bolha aconchegante, suas dores, pesares e raiva voltassem.

- Legal. Divertido.

Então deu meia volta e se agradeceu por ter visto uma pousada, voltando os quarteirões correndo. Ela chegou no lugar, com a respiração um pouco rápida e com sorte de não ter pego muita chuva. Tinha apenas alguns respingos no colete e mangas.

O lugar estava com uma pequena luz acessa no teto, mantendo um estilo de decoração antiga, muitos vasos detalhados, mobília de madeira envernizada, cortinas bordadas com um leve cheiro de removedor. Cadeiras com almofadas estavam encostadas nas paredes, quase ficando com pó. A mulher viu uma luz vindo da janela e se preparou para o raio. A sua frente tinha um balcão de madeira, não muito alto e atrás dele, uma parede com frestas entres as madeiras, como nichos, para as chaves dos visitantes.

- Olá? - E o trovão soou, com uma chuva ficando mais forte.

Uma senhora saiu de trás do balcão, andando com uma bengala. Os cabelos eram azuis claros, como se tivesse sido tingido há alguns dias. Suas roupas eram coloridas, um casaco grande laranja com bordas vermelhas. Os habitantes realmente se vestiam de modo colorido.

Se aproximando na velocidade que sua idade permitia, ela tinha um olhar astuto, olhos semicerrados escondidos num óculos de garrafa, lábios com batom cor de rosa voltados para baixo. 

- Boa noite. - Disse a mulher espadachim. Tentou controlar seu tom de voz, para que não assustasse a outra pessoa. - A senhora por acaso teria vagas? Gostaria de passar a noite fora da chuva.

- Depende.

"Oh? É assim? ENTÃO TUDO BEM. Tá tudo bem, eu não vou surtar hoje, agora não."

- ...Tudo bem. - Disse devagar, começando a dar meia volta.

- Ah-ah! - Gritou, com a mão para cima. - Espere, estava brincando!!

A feição da mulher mudou de azeda para divertida. Ela mostrou os dentes um pouco amarelos, começando a rir. 

- Estava brincando. Eu sempre faço isso com clientes novos. Esse adultos de hoje em dia...

Apoiando as duas mãos na bengala, ela grunhiu e começou a falar.

- Eu tenho um quarto sobrando hoje. Você deu sorte. 

Decidiu ficar e pagou o preço. Era mais barato, pois não queria o café da manhã. Mas a senhora ofereceu de graça mesmo assim, insistindo que ela parecia magra, um pouco "ossuda" como falou.

Quando estava subindo a escada de madeira do hotel, a porta da entrada se escancarou. A atendente tomou um susto, quase caindo da cadeira se não tivesse se segurado no balcão.

- M-meu Arceus!!- Gritou ela, ajeitando o óculo no nariz.

- Valléria! - A mulher encapuzada e ensopada da chuva gritou.

E quando escutou a voz, agiu sem pensar duas vezes, atirou uma adaga brilhante, com toda sua força, cortando o ar. O vulto sumiu, aparecendo a dois metros de distância, para a direita da porta, quase no meio do salão.

- Espere! - A vítima falou.

Atirou outa adaga, jogando-a que ouviu o objeto atingindo a parede antes mesmo de ouvir o zunido do metal. O alvo desviou com graça e ficou perto do balcão, perto da senhora que estava agachada e escondida.

- Não. - Respondeu a que seria Valléria, espadachim de cabelos verdes.

- Espere, você vai querer ouvir isso!- Implorou, levantando as mãos enluvadas como se tivesse se rendido.

O vulto tirou o capuz num lampejo do trovão, a luz do salão apagou e então tudo ficou escuro. Valléria parou. Com a adaga em mãos, ela parou antes de jogar.

Quando a luz voltou, conseguiu ver o roto com clareza. Era uma mulher, conhecida, mas diferente de um jeito que não sabia explicar. Não sabia o que havia causado aquilo, mas os olhos, mais amadurecidos, ainda eram da mesma pessoa. Coincidia na descrição da garçonete. Seu coração começou a bater rápido, sua feição de ódio virou surpresa.

- Te dou um minuto antes de enterrar isso em você. - Grunhiu, mas não guardando a adaga.

- Eu... Queria te dar isso. - Se aproximou, como que sem medo de andar na direção do predador.

Estendeu um papel, esperando que Valleria descesse e o pegasse. Então, a menos de um metro dela, os olhos que se encaravam desviaram. Talvez um misto de vergonha e raiva, e a espadachim parou. Sentiu um arrepio na espinha e seu lábio inferior tremeu. Ela gostava dessa sensação.

- Por favor, acredite em mim. -Suplicou a mulher de cabelos pretos. - Eu-

- Silencio. - Falou ríspida. - Vou ler.

A mulher ficou quieta e concordou com aceno de cabeça.

Rapidamente ela leu o bilhete. Seus olhos se arregalaram. 

- Você... É o que eu penso ser?

- Eu não sei. - Disse determinada. - Mas preciso da sua ajuda.

- Temos que conversar. - Valléria disse, com um tom de preocupação na voz.

Nesse momento, a senhora saiu do balcão, devagar. Ela ainda tremia, mas não ousou falar nada. Apenas ofereceu a chave do quarto com as mãos ossudas tremulas.

As mulheres se entreolharam. Valléria pegou suas adagas. A andarilho fechou a porta da frente. E então ambas começaram a subir as escadas.


*


No quarto, Valléria foi na frente, tirando seu cinto, enquanto a outra fechava a porta.

- Valléria eu-

- Quieta. Eu ainda estou processando. Talvez processe melhor depois de um banho.

Ela rapidamente tirou o casaco, ficando com uma blusa branca por baixo. Pendurou-o na cabideira, sentou-se na cama tirando as botas pretas. A outra mulher engoliu o seco e voltou a falar.

- Mas, por favor você-

Ela moveu a mão, como se pedisse para parar. A sincronia entre as duas parecia ainda funcionar bem.

- Eu quero dormir por hoje. - falou, franca. Embora parecesse mais cansada.- Vamos tomar um banho e nos falamos.

- O que? - recebeu um olhar fixo em seu torço.

A andarilho, percebendo a situação de suas roupas, que estavam coladas em seu corpo esguio, ficou quieta. Um leve rubor tomou conta das suas bochechas.

- Você não acha que há coisas mais importantes acontecendo?

- Você vai primeiro. - ofereceu Valleria, a ignorando completamente.

Não precisou concordar, sabiam da resposta.

Ao passar por ela, Valléria permaneceu dura como uma estátua, olhando para o canto do quarto.

Quando a porta se fechou do banheiro se fechou, ficando sozinha no quarto, perdeu o equilíbrio nas pernas e caiu na cama. Suas mãos tremiam e toda a raiva que tinha foi substituída por descrença, talvez até mesmo um pouco de ansiedade. Algo rodeou no seu estomago e em seu ventre, mas sabia que não era fome, ou cólica. Se deitou de costas na cama. Tirou o chapéu, usando-o para cobrir seu rosto.



Algum tempo depois, ambas estavam frente a frente. A mulher de cabelos pretos decidiu falar. Valleria não estava com sono. Devagar, Valléria foi entendo. Foi de súbito e uma surpresa. Chegaram a falar alto, a se xingar também, mas depois de um tempo, ambas estavam angustiadas. Deve ter durado quase a noite toda.

A andarilha, que não teve seu nome proferido, respirou fundo. Seus ombros caíram, como se tivesse tirado um peso nos ombros, fechou os olhos e sentou na cama, ao lado da outra mulher.

Não foi preciso dizer. Ela ficou quieta, enquanto a outra se aproximou a abraçou, deitando a cabeça no ombro direito. A espadachim tinha um rosto obscuro, como se estivesse processando o que tinha sido dito e que decisões tinha de tomar. Mas seu coração estava calmo, como não estivera a muito tempo.

Estendeu a mão esquerda, devagar, acariciando o braço da outra mulher. 

- Nós somos realmente adultas agora, não somos? - disse a outra, baixinho.

- Nós... Tivemos que amadurecer rápido demais.

Valléria sentia o que ela queria dizer. Havia dito, na verdade, algumas vezes, na briga, na explicação. Mas não queria brigar, não mais.

Não foi preciso dizer que sentiu saudades, desejo, raiva, insatisfação. Ambas sabiam ou tentavam, lidar com suas emoções, a sua maneira única de ser.











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